quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Inpirações no bosque

   Na grama do bosque, que exala um forte cheiro de merda de gato, mas que não chega a me incomodar, lembro-me da aparência dos gatos, de seus pêlos, isso logo me incomoda.
                Sentada na grama do bosque eu fico pensando em coisas sem nexo – o número de células em meu corpo, se aquela menina que vai passando ainda tem as bonecas de sua infância, quantas namoradas aquele outro cara já teve – penso em tudo sem pensar em nada. Tento não pensar em mim, sinto-me imensamente confusa.
                De repente, aquele menino que namorava aquela menina no inicio do ano, e que os dois tiveram um fim complicado. Resumindo o caso foi assim: os dois pertenciam a um grupo de amigos, eram uns seis, quando os dois terminaram, fizeram como manda a Lei, dividiram os bens, ou seja, os amigos. Agora são dois grupos que evitam se cruzar.
                Enfim, vi esse menino passar, e pensei numa dor, uma dor que já senti, que ele deve estar sentindo, e que todos sentirão um dia. Essa dor seria aquela coisa que destroça a alma, nesse menino, causada por aquela menina.
                Com dó do menino, senti raiva da menina – que ela não tem o direito de fazer o pobrezinho sofrer. Só que tudo é muito mais profundo.
                Somos todos pessoas livres, inclusive aquela menina, ela, como todos nós, não é obrigada a amar alguém só porque esse alguém a ama, inclusive o menino. Pensei também que a tal da menina poderia estar sofrendo, enquanto estava com o tal do menino, então, assim, ele a faria sofrer, assim, fiquei com raiva dele.
                Mas, no fundo, não tive raiva de ninguém, nem daquele menino, nem daquela menina, não tive pena de ninguém, nem daquele menino, nem daquela menina... Aliás, tive pena de mim, que fico a pensar besteiras enquanto poderia cuidar da minha vida.

Para B.M

              Como eu ia dizendo, conheci um menino de cabelos negros e que usava óculos, como eu. Esse menino tinha olhos da cor dos meus e era magro, mas não tanto quanto eu.
            Nossas cores combinam e nós brigamos sempre que nos é possível e fazemos as pazes mesmo quando não nos é possível.
            Um dia eu contei um sonho meu a esse menino, e logo depois encontrei pedaços do meu sonho colados nas paredes; ele acabara, segundo ele mesmo, de enfeitar o mundo com minha alegria.
            Em nossos melhores dias, sentamo-nos a sombra de uma mangueira e falamos sobre umas tolices infantis – é que somos ainda muito crianças, ele mais que eu.
            Ele é também mais novo que eu, cerca de um ano. E ele quem me protege quando teimo em percorrer descalça o bosque, pisando em folhas secas que se quebram ao entrarem em contato com meus pés.
            Um dia cheguei a chamar esse menino de B. Verde, ele não gostou, mas ele é verde mesmo, mesmo que não queira.
            Esse menino é verde, graças a Deus, porque, assim, ele vai amadurecer, tornar-se-á amarelo, cor de que gosto mais, e que tem melhor gosto também, ele se perpetuará em mim.
            Ah!Esse menino.

sábado, 16 de outubro de 2010

Para Favo A.

          De repente, lembrei-me do dia em que conheci, sem conhecer, aquela menina e também do dia em que a conheci, conhecendo mesmo, e entre esses dois dias ainda existiu mais um que não sei com nomear.
            Na primeira vez, eu estava no ônibus e não estava sozinha, isso foi ela que me disse. Ela me disse também que eu parecia bonita, mas que, naquele momento, não teve muita certeza disso. Ela estava sentada atrás de mim e eu conversava com a Mariana. Depois desci do ônibus. Não cheguei a vê-la nesse dia.
            Quando a conheci, conhecendo mesmo, eu estava chorando, acabava de ser assaltada e ela, curiosa, queria saber como tinha sido. Eu já havia contado a história mil vezes, não queria mais falar, mas ela queria ouvir, então eu contei, acho que ela não ouviu, desatenta e impaciente que é.
            A vez que fica entre esses dois dias foi quando nos vimos. Ela entrou e eu, com certeza, já estava, porque ela sempre chega atrasada. Com certeza, também, ela saiu antes, apressada sempre, eu saí depois e pronto.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010


E se minha irmã não fosse Emo?
Será que ela deixaria de usar calça roxa e deixaria o cabelo crescer?^^
s2 pra ela.

sábado, 2 de outubro de 2010

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

" Não era preciso estimular o desejo . Ele estava naquela que o provocava, ou então não existia. Já estava presente desde o primeiro olhar ou não existira nunca. Era a percepção imediata de um relacionamento de sexualidade ou não era nada."

(Marguerite Duras - O Amante)

domingo, 5 de setembro de 2010

E se não fôssemos racionais?
Será que nossos sentimentos teriam pés e andariam pelas ruas?